O encenador encantava. O desenhador desafiava. O chofer chalaceava.
Mergulhada naquela nuvem de galanteios, a donzela hesitava. Depois, mirou o triângulo de vozes em seu redor e retorquiu:
- Ai! Se eu pudesse, tanta dor vos dava!!!
sexta-feira, setembro 28, 2007
quinta-feira, setembro 27, 2007
Fiel Café
Naquela manhã, sem explicação aparente, um pequeno grão de futuro agitou-se o sorriso sempre enfezado. Tremeu ligeiramente os lábios já acordados e decidiu, como era seu hábito, beber novo café.
quarta-feira, setembro 26, 2007
Detestável Invernia
Ameaça já retornar o frio. E, depois, virá a estação das chuvas, primas gordas das lágrimas pequenas; o tempo desses escuros que exigem velas fumegantes; a época dos arrepios, que tapa os erotismos do estio.
Longos meses até ao regresso das andorinhas.
Longos meses até ao regresso das andorinhas.
segunda-feira, setembro 24, 2007
Sem-Riscar
Espreitava ávido aquela pupila d’água, que podia ser de Circe ou de Penélope. E calava a voz. Temia tanto a beladona que jamais saboreava o mel.
Reviver Saint-Malo
“Já nada em nossos bolsos pesa nem pecados
de novo estamos disponíveis para a primavera
e muito pequeninamente adormecemos”
(Ruy Belo)
de novo estamos disponíveis para a primavera
e muito pequeninamente adormecemos”
(Ruy Belo)
sexta-feira, setembro 21, 2007
quarta-feira, setembro 19, 2007
Vida Armadilhada
Mil estrondos vermelhos, uma multidão de estilhaços e incontáveis arrepios de susto. A aziaga queda da telha rasara-lhe a orelha com intuitos homicidas. Também ninguém o mandara desviar antes o pé firme do alçapão que se abriu sem qualquer aviso.
terça-feira, setembro 18, 2007
Bizarra Criatura
Tinha o hábito de cismar entre marfins coloniais e púrpuras sacras, imaginava perfumes tão almiscarados que matavam narinas e desenhava cartografias náuticas para bem se marear em terra. Além disso, em vez de adágios ou adagas, dinheiros ou donzelas, estampas ou exemplos, coleccionava fobias e folias.
sexta-feira, setembro 14, 2007
Vapor d’Álcool
Escarlateava a silhueta naquele labirinto de vozes coloridas, numa cacofonia de lanternas perfumadas, naquela contabilidade de erotismos fumegantes.
segunda-feira, setembro 10, 2007
quarta-feira, setembro 05, 2007
Aves e Vindimas
“Qual canto de torcaz quando a tempestade espreita – o ar polvilha-se de chuva, de sol fantasmagórico -, eu acordo lavado, derreto ao elevar-me; vindimo o céu noviço.”
(René Char)
(René Char)
Eterno Iconoclasta
Na esquina das orações, em vez de soltar uma lágrima por cada conta do rosário bento, sorria ao campo de papoilas.
terça-feira, setembro 04, 2007
Mistério Singular
Queimava cigarros tão finos como os sorrisos mais elegantes, enquanto mirava a multidão num tom de azul e soltava uma poalha de ouro sobre o desejo da noite.
segunda-feira, setembro 03, 2007
Vozes Caladas
Mergulhava nas noites solitárias a perseguir utopias, esperando que, antes do triste apagar das luzes, desabrochasse uma qualquer conversa viçosa onde sempre se cultivavam daninhos silêncios.