Estragar o Stradivarius

Violinos vindos de Cremona, lábios a saltarem como beijos, versos a afagarem as pupilas, mares que nem existem...
Estridente despertador!

Sarcófagos & Sacrários

Esgotava os ócios em sarcófagos conversados. Estiolava os ossos em sacrários convertidos
Absurdamente!

Dieta d’Ambrósias

Trincava sempre uma flor após provar um gomo de lua.

Mentes à Margem

A memória das moedas é mentira para o mendigo.

Vozes Vistas

“(...) qual música, à noite, longínqua, que se apaga.”
(Konstandinos Kavafis)

Fados Verdes

Falseando a voz em falsetes, a alface afadistava falas e fábulas.

Sinais aos Esses

O simpático sol sorriu à sisuda semana.

Frustrado Freud

A memória, no seu passo distraído, entrou no labirinto das viagens e dos livros e dos amigos e das amadas e das alegrias e das amarguras e dos...
E, em seu trôpego caminhar, nunca mais encontrou a razão.

Pombos ao Homem

“Chegava infalível, postava-se exacto, agia metódico, partia feliz.”
(Alface)

Fados e Fortunas

Sempre adornado com amuletos, não tinha nenhum talismã que lhe garantisse tesouro ou talento.

Inflamação Pendente

Análises, biópsias, cápsulas, drageias, estetoscópio, fármacos coloridos, gotas, hipnose, infusões, jeropiga, líquidos espessos, mezinhas, nada mesmo, orações, pílulas, quinino, receitas exóticas, sais, tónicos, utopias médicas, vacinas, xaropes, zimbros... Experimentou tudo, como qualquer bom hipocondríaco.
E, no final, concluiu que a sua única doença era a gravata berrante.

Lágrimas d’Engano

Levantou o olhar das palavras e viu uma chuva tão súbita como uma gargalhada enganada.

Policial Beckettiano

A espuma do mar fugia sempre do telefone, como se o homem de negro trajado perseguisse aquelas bolhas de sal e de branco...

Pouco Pó

“(...) o viajante passa sempre invisível, sem levantar poeira no silêncio da sua passagem.”
(Lawrence Durrell)

Sem Samovar

Um tapete longo como a estepe; um candelabro alto como a noite.