Deve & Haver

Devemos almofadar os sonhos e maltratar os pesadelos.

Meia Culpa

Sendo a mais fina das porcelanas, facilmente se quebra a cumplicidade.

Clichés d’Infancia

Entre montras espreitadas e música de vozes, largava a mão do avô e ficava perdido naquele labirinto de ruas e risos.

Leitor de Fumo

Almanaqueava o futuro com certezas d’algibeira, prognósticos de zodíacos exóticos, sabedorias de borda d’água, sentenças de sábios esquecidos.

Cinza de Domingo

Alheada do chumbo da tarde, exibia sorrisos e saboreava tisanas.

Absurdar Conversas

“As melhores memórias”, sentenciava de súbito, “são as do futuro.”

Mensagem Engarrafada

Sorria com bochechas de querubim e dobrava as vogais na assinatura.

Paraísos Artificiais

Trocou a silhueta do sorriso por uma gorda gargalhada.

Sereno Entardecer

Pousava a atenção no insensato calendário da vida e sonhava com um risonho ninho d’outono.