terça-feira, dezembro 30, 2008
segunda-feira, dezembro 29, 2008
segunda-feira, dezembro 22, 2008
Clichés d’Infancia
Entre montras espreitadas e música de vozes, largava a mão do avô e ficava perdido naquele labirinto de ruas e risos.
quinta-feira, dezembro 18, 2008
Leitor de Fumo
Almanaqueava o futuro com certezas d’algibeira, prognósticos de zodíacos exóticos, sabedorias de borda d’água, sentenças de sábios esquecidos.
segunda-feira, dezembro 15, 2008
sexta-feira, dezembro 12, 2008
quinta-feira, dezembro 11, 2008
sexta-feira, dezembro 05, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Sereno Entardecer
Pousava a atenção no insensato calendário da vida e sonhava com um risonho ninho d’outono.
quarta-feira, novembro 26, 2008
Vian-Rimbaud
Sentado no onírico mapa celeste como se estivesse num sofá de metáforas, bebia a espuma dos dias imaginando qual seria o paladar de uma cerveja no inferno.
terça-feira, novembro 25, 2008
Surrealismo Avulso
Um botequim vestido d’azuis, um bote a navegar na folha de papel, uma vela acesa em pleno mar, uma espécie de nostalgia d’infância , um saltimbanco a actuar nas memórias vadias...
segunda-feira, novembro 24, 2008
sexta-feira, novembro 21, 2008
Catálogo de Namoros
Uma colecção de pupilas de tons claros, lábios mimados como criança feliz e uma eterna pincelada de jade e d’ouro no horizonte.
quinta-feira, novembro 20, 2008
Herdeiros de Maio
Tentavam francesar um pouco aquela tertúlia muito pouco desamericanizada com rimbauds e ferrés, mas deparavam com um muro de argumentos cheio de dylans e scorseses.
terça-feira, novembro 18, 2008
Sombras de Luar
A matreira lua sabe refugiar-se no labirinto que armadilha entre os seus quatro quartos com manhas de raposa astuta.
segunda-feira, novembro 17, 2008
sexta-feira, novembro 14, 2008
Abreviar Breviários
“Naquele tempo”, como dizem os padres na missa sem referirem o ano de 2008, “o carteiro cibernético já devia estar farto de entregar abreviaturas de beijos.” (Um cronista desse tempo)
quinta-feira, novembro 13, 2008
Cépticos & Supersticiosos
Os vendedores de palavras e os comerciantes de vento acreditam mais na murmurada memória dos seus avoengos do que em milagres vindouros dos deuses d’altar.
quarta-feira, novembro 12, 2008
Ilusão d’Óptica
Às vezes, quando parece que se atinge um nirvana, temos de enganar a nossa memória, fazendo de conta que tudo se resume a um sonho.
Longe de Beja
Cabelos d’ouro pousados na almofada de dormir, as azuis pupilas da monja sorriam fantasias em torno dos cargueiros e paquetes e veleiros que via recortados na janela fluvial das manhãs.
terça-feira, novembro 11, 2008
O Tango da Vida
Naquele aquário dançante só os pássaros de arribação é que temiam pela sua sobrevivência.
segunda-feira, novembro 10, 2008
Relógio Quebrado
Na risonha alvorada d’outono, um rio quieto no horizonte e um inquieto olhar verdejante.
quinta-feira, novembro 06, 2008
Em Louvor do Prato
Todas as conversas pareciam ignorar os votos do mundo e as paixões domésticas – já só comentavam um perfume a mar saboreado à colher.
segunda-feira, novembro 03, 2008
Argumentário Noctívago
Nunca entrara nos lençóis, jamais beijaria a almofada antes da hora do despertar operário. Alegava, num timbre escuro e rouco, que os anjos e as feiticeiras, imitando a lua, dormem sempre de dia.
sexta-feira, outubro 31, 2008
segunda-feira, outubro 27, 2008
Paisagens Futuras
Mirava os longes com curiosidade de menino, da alba ainda mal esboçada aos vários poentes da alma – e, depois, aguarelava sem cuidado os seus amanhãs.
sexta-feira, outubro 24, 2008
Bizarra Literatura
A determinada página da conversa percebeu que falavam de um romance de que nunca ouvira falar – era o seu.
quarta-feira, outubro 22, 2008
Antigamentes
Aqueles rostos em sépia que lhe surgiam nos sonhos e lhe iluminavam a memória vinham do tempo em que ainda se escreviam cartas e ninguém imaginava um telemóvel fora da ficção científica.
segunda-feira, outubro 20, 2008
sexta-feira, outubro 17, 2008
Gourmet de Gentes
Temperava d’amanhãs as perdizes de desejo enquanto bebia enigmas com paladares dignos de xarope d’ avó.
quinta-feira, outubro 16, 2008
Âncoras Diurnas
Desligou o interruptor da longa noite de paladares e delicadezas e embarcou no estreito lençol de estrelas e sorrisos.
quarta-feira, outubro 15, 2008
Tempestade em Flutes
Chapinhava ditos e equívocos, segredos calados e outros silêncios; refrescava cinemas do mundo e viagens da memória, triunfos destes tempos e trofeus de caça; mergulhava odores e olhares, beijos e desejos em vastas e eternas piscinas de champanhe.
terça-feira, outubro 14, 2008
Metrapolitanices
As maluquinhas enviuvaram e os anjos envelheceram, os cegos mendigam à bengala e os adolescentes usam brincos com música, a turistagem ri da cidade que nunca viu e o senhorio vai cobrar a renda da casa na hora em que as vendedeiras regressam do mercado e as meretrizes ainda dormem.
segunda-feira, outubro 13, 2008
Contrariar Horóscopos
Uma nua nuvem de perfume e pétalas abria-lhe, alheada e invisível, a porta da semana serena.
sexta-feira, outubro 10, 2008
Dias Sem Moldura
Desinspirado nos azuis-utopia, desmaiado nos verdes-paisagem, desesperado nos vermelhos-paixão.
quinta-feira, outubro 09, 2008
Grafonola na Garganta
Descrevia a roupa interior da cigarra com a mesma voz arrastada com que dissertava sobre a alma do cigarro.
quarta-feira, outubro 08, 2008
terça-feira, outubro 07, 2008
segunda-feira, outubro 06, 2008
Alma de Gourmet
Em época de pupilas murchas, d’oiro sem valor, de poemas perdidos, saboreava as amarguras à colher.
sexta-feira, outubro 03, 2008
Vício da Conversa
Saltitavam multidões de palavras nos lábios cúmplices, nas discussões de ideologia ou de cinema, nos telefones musicais, nos apartes e nos parêntesis, nos olhares de segredo ou de agrado, nos copos com gelo e sede, em papéis impressos ou manuscritos.
E aquela tertúlia de gargalhadas conseguia emudecer o mais palrador papagaio, abafar todos os sinos, apagar dos dicionários a palavra silêncio.
E aquela tertúlia de gargalhadas conseguia emudecer o mais palrador papagaio, abafar todos os sinos, apagar dos dicionários a palavra silêncio.
quinta-feira, outubro 02, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
Cúmplice & Íntimo
Mergulhava em línguas tão eternas como a estética helénica, marulhava em salivas com paladares de mel e de fel, maravilhava-se entre lábios em desuso ou em plena moda.
E, assim, coleccionava beijos.
E, assim, coleccionava beijos.
quinta-feira, setembro 25, 2008
Contas Saldadas
Ele ofereceu-lhe versos em livro e um jantar marroquino; ela deu-lhe o nome de um escritor russo e um beijo cheio d’especiarias.
Não mais se viram.
Não mais se viram.
quarta-feira, setembro 24, 2008
Celeste Casino
Perdeu a fortuna de três gerações brasonadas num breve azar de dados; ganhou um futuro dourado com que jamais sonhara numa inesperada vaza de cartas. E só depois é que foi ler Vinte e Quatro Horas na Vida de Uma Mulher, do Stefan Zweig, e O Jogador, do Dostoievski. Afinal, tinha agora imenso tempo até os deuses decidirem em que nuvem iriam instalar a roleta.
terça-feira, setembro 23, 2008
Chhhiu!
Chovia um chumbo vago, vagaroso, vaporoso no cheiro que chegava em vagas dos vasos, dos versos, dos vivos.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Silêncio Aldeão
Uma vozearia d’árvores com vento aflautado e asas canoras e desafinados apanhadores de fruta; o piano chumbo às perdizes e o violino do motor de rega; a gritaria agarotada do recreio e a algazarra esganiçada das mulheres na fonte que já não é precisa e a discussão cervejeira dos maridos na porta da taberna; o porco que pensa ser tenor e o tractor que lhe responde em dueto.
Tão longe está a cidade....
Tão longe está a cidade....
quinta-feira, setembro 18, 2008
Maldit’Alvorada
Nuvens de pesadelo sobre a almofada. E, em vez do suave trinar dos pássaros, a tempestade do despertador.
terça-feira, setembro 16, 2008
Ant’Equinócio
Adormecia numa almofada d’impostoras gargalhadas e diagnósticos com valor de quinquilharia, d’amores esquecidos e futuros sem fim.
segunda-feira, setembro 15, 2008
sexta-feira, setembro 12, 2008
quinta-feira, setembro 11, 2008
Turista Profissional
Como se Viena se tivesse esquecido da música que lhe dera fama ou Veneza afundado as suas gôndolas eternas como pombas, aquele aparo d’encantos e poesias transformava o deserto d’ouro em verde holandês, as lágrimas ignoradas num riso permanente, o chumbo londrino em brilho barcelonês, as sapatilhas matinais em saltos altos de jantar, a Casa Branca nas pirâmides de Gizé.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Alegre Fantasia
Sorriso irrequieto como esquilo atrevido, cruzava o porteiro das noites e mergulhava num horizonte de festa, entre caracóis d’ouro e nuvens de nicotina, esquecendo milagres divinos e drogas miraculosas, deveres d’ofício e datas d’aniversário, geografias e calendários.
sexta-feira, setembro 05, 2008
Eterno Tolstoi
“Se tivermos à frente Tolstoi aqui à esquerda e o jornal à direita começamos sempre pelo jornal! O problema é que o jornal da semana passada é o jornal da semana passada e Tolstoi o jornal de todas as semanas, de modo que o jornal da semana passada se deita fora e Tolstoi fica.”
(António Lobo Antunes)
(António Lobo Antunes)
quinta-feira, setembro 04, 2008
terça-feira, agosto 12, 2008
& Subitamente
A saudade de certo sorriso à sobremesa embarcou-o num comboio tão urgente que até esqueceu as chaves de dormir.
Gosto d'Agosto
No silêncio da noite pouco escura, quando as crianças tentam varrer os fantasmas dos pesadelos, página a página se devoram os livros sem sono.
Alhures-Nenhures
Como se tivesse mergulhado num Junho alentejano de milho e mar, a ampulheta corre aqui mais devagar que a leitura.
terça-feira, julho 29, 2008
Incerto Esperar
Longas insónias d’estio, entre páginas mal lidas e paisagens nunca pisadas. Sempre à espera de uma pupila que podia ser farol nas ilhas escurecidas.
segunda-feira, julho 28, 2008
Admirar Bússolas
Ao sabor do vento...
E, no entanto, sempre a mesma pupila por bússola, por lua, por horizonte.
E, no entanto, sempre a mesma pupila por bússola, por lua, por horizonte.
sexta-feira, julho 25, 2008
Marinheiro d’Almofada
Navegando preguiças no branco mar de lençóis, o falso marujo adormecido ou entontecido tão depressa era afagado pelas meigas ondas de sonhos e quimeras como quase naufragava em tormentas d’angústia & incerteza.
quinta-feira, julho 24, 2008
Tapar um Vazio
Um piano pousou na conversa com a imponência de um paquete transatlântico. E, sem que as suas escalas o soubessem, serviu de biombo ao silêncio de uma voz aveludada.
quarta-feira, julho 23, 2008
Lua Enganadora
Um perfumado chá d’estrelas servido num bule de risonhas palavras, como se a noite fosse apenas um longo tapete de seda, sem lágrimas nem lantejoulas.
terça-feira, julho 22, 2008
segunda-feira, julho 21, 2008
Reticências & Reticências
Um junco a mergulhar numa pupila, uma colher de mel com saliva e uma tulipa a dançar à jamaicana.
sexta-feira, julho 18, 2008
Sugestão de Literatura
Sorriso sorrateiro, olhar alheado… - parecia personagem de romance oitocentista.
terça-feira, julho 15, 2008
Ausente no Presente
Esquecido do futuro, como se lhe tivessem roubado o calendário, agora hibernava nas memórias, como quem adormeceu na biblioteca da vida.
segunda-feira, julho 14, 2008
Tarda a Tarde
Um azul com música de pássaros, o vento a esconder-se no meio das folhas, risonhos veleiros antes do horizonte.
quinta-feira, julho 10, 2008
segunda-feira, julho 07, 2008
sexta-feira, julho 04, 2008
Garimpeiro de Lombadas
Num instante de lotaria, acordava o códice há gerações adormecido no labirinto d’estantes.
quarta-feira, julho 02, 2008
Temor de Partir
Relia relatos de velhos viajantes sobre as areias do dromedário e acerca das renas da estepe. Conferia as rotas dos mapas antigos em novíssimos atlas ilustrados. Abstraído com qualquer atol do Pacífico, com certo trajecto andino, com um obscuro museu d’Europa, nem reparava na colecção de bússolas que adornavam estantes baratas e mesas de plástico.
E, qual Xavier de Maistre de menos humor, saciava o desejo de viagem andando apenas às voltas no seu quarto.
E, qual Xavier de Maistre de menos humor, saciava o desejo de viagem andando apenas às voltas no seu quarto.
quarta-feira, junho 25, 2008
Voltar a Partir
Folheava o filme das férias. Detinha-se naquele jardim de desenho francês, num paladar silvestre d’amoras, em risonhas máscaras carnavalescas, num sinfónico chilreio matinal, na decadente fidalguia dum solar, num guevarista d’outrora, numa igreja erguida fora do mundo, em poentes d’horizonte, num bizarro cantar polifónico, na noite rasgada a foguetes lacrimejantes. E sorria com as memórias, os amores, as miragens...
segunda-feira, junho 23, 2008
Ninguém Repara
Coleccionava um absurdo a cada dia, como se fosse uma fantasia d’artista: conduzia uma limusine pelas mais estreitas vielas ou dançava nas discotecas numa cadeira de rodas.
sexta-feira, junho 20, 2008
Interlúdio do Solstício
A manhã mergulhara já em puro ouro, como se os azuis fossem apenas pálidos e o vermelho quase suave. Até a memória parecia cegar com tal brilho matinal. Então, decidiu hibernar toda a tarde e esperar pelo crepúsculo para pesar passados e medir futuros.
terça-feira, junho 17, 2008
segunda-feira, junho 16, 2008
segunda-feira, junho 09, 2008
Cosmopolita Lusitano
O seu remetente postal, nos tempos pré-Net, mudava de continente com o mesmo desprendimento com que as estações percorrem o ano. E, no entanto, esquecendo a sua afeição por isqueiros d’ouro e relógios de família, podia dizer-se que só coleccionava um vício: olhar tranquilo para o transparente céu português.
quarta-feira, maio 28, 2008
A Dor das Palavras
Há palavras cor de jade e com um perfume de violetas; outras tão doridas como círios fúnebres.
segunda-feira, maio 12, 2008
Música d’Época
Na memória da grafonola melancólica, cantados Maios d’ontem e vindouros hinos d’Agostos.
terça-feira, maio 06, 2008
segunda-feira, maio 05, 2008
quarta-feira, abril 30, 2008
Visitar Aniversários
Naquela encruzilhada de vozes, sempre a rir d’ontens e d'iates, de santas de museu e de sabores d’áfricas, rompia, de repente, uma escura pupila meiga.
segunda-feira, abril 28, 2008
quinta-feira, abril 17, 2008
segunda-feira, abril 14, 2008
sexta-feira, abril 11, 2008
quinta-feira, abril 10, 2008
Perfeita Pronúncia
Quadros e quintas, chávenas e colheres, cartas e canetas, francos e florins, linhos e bilros, lentes e lunetas, gravatas e grafonolas, dívidas e dúvidas…
O testamenteiro não falhou palavra.
O testamenteiro não falhou palavra.
terça-feira, abril 08, 2008
segunda-feira, abril 07, 2008
terça-feira, abril 01, 2008
Bucolismo d’Época
Uma nuvem branca, uma sugestão d’automóvel, um aroma silvestre, um mar d’espantalhos, um chilrear longínquo...
terça-feira, março 25, 2008
Eróticos Horizontes
Mirava os longes em lentos vagares, como se um fio d’ouro brilhasse na pupila da memória. E todas as ilhas em que tardava o olhar deliciado lhe recordavam delicados seios femininos.
quarta-feira, março 19, 2008
Rumores de Rumo
Zodíaco apagado, bússola em riste, memórias olvidadas, riscava na mão zíngara outra linha da vida.
sexta-feira, março 14, 2008
Al-Senhora
Sábia alma solitária, aclamava aqueles murmúrios de seda e, depois, acalmava aquela multidão solidária.
terça-feira, março 11, 2008
quarta-feira, março 05, 2008
Teia d’Onomatopeias
Embalava os quotidianos com um ping-ping, baloiçava as viagens com um zás, despertava os sonhos com um trim.
segunda-feira, março 03, 2008
Manias d’Água
A metódica Maria Noite mangueirava tudo o que lhe surgia à frente d’água: bois de porcelana, cotovelos eléctricos, conversas afegãs, esculturas d’África, suores frios, músicas de filmes, cervejas belgas, frases d’Eça, pistas de esqui, seios nus, lágrimas avulsas, molduras barrocas, cabelos d’ouro, bules de chá, aromas eróticos e, sobretudo, o Manel Alvorada.
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Homem-Barómetro
Em calendário de invernia e cinza, escondia o ruidoso duche das nuvens com dourados risos enxutos.
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Tempo de Teatro
Detinha-se em qualquer bizantinice que lesse, fosse a palavra Abraxas ou o significado de Zohar. E, com a leveza da sua ignorância, encenava uma espécie de teatro sem tempo.
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
quinta-feira, janeiro 31, 2008
terça-feira, janeiro 29, 2008
segunda-feira, janeiro 28, 2008
terça-feira, janeiro 15, 2008
Eterna Heresia
Condensando a brevidade do raciocínio em jeito de versículo solto, de praga cuspida, o moderno goliardo proclamava em voz de taberna, em timbre de templo: se acreditasse no divino viveria eternamente.
sexta-feira, janeiro 11, 2008
Fintar Destinos
Molhados, irritados, atrasados, faziam sinal, mas o autocarro, vazio de gente, não se detinha na paragem. Os passageiros discutiam. Havia quem jurasse ter visto as coisas mais bizarras: fogareiro e frigorífico, colchão e cadeiras, leite e livros, guarda-chuva e secador de cabelo, gato e gaiola...
O motorista tinha desviado o 59 para mudar de casa!
O motorista tinha desviado o 59 para mudar de casa!
quarta-feira, janeiro 09, 2008
Cinemas d’Olvido
Pirâmides de sal em paisagem de memória, como se as juntas de bois lavrassem o passado, as redes a remos pescassem o antigo...
terça-feira, janeiro 08, 2008
Fé e Fumo
Uma multidão de gente pura: fariseus bíblicos e talibans destes tempos, beatas de sacristia e histéricas dos ginásios, bufos desempregados pela extinção das polícias políticas, varredores de piriscas e farejadores de incenso, cocainómanos de pulmão limpo e motards de escape livre, negociantes de véus e de burcas, bufarinheiros de santinhos e fanáticos do jogging ...
E, no entanto, ninguém o impedia de mergulhar na sua desejável, confortável, agradável nuvem de nicotina.
E, no entanto, ninguém o impedia de mergulhar na sua desejável, confortável, agradável nuvem de nicotina.