Olhares-Veleiros

A pupila largava âncora sobre o jantar e a toalha dos marinheiros naufragava entre figos e fumos.

Na Mouche

A asa de vento disparava um voo e uma vertigem e acertava sabiamente naquela difusa luz longínqua.

Jantares d’Amigas

Polvilhavam de paprika a conversa, manchavam os retratos com canela, largavam aguardente nos decotes.

Vieram Ventos

No seu galope garoto, amolecia as melenas das helenas, mexia os moinhos amigos, lambia lixos e luxos...

Dias de Chumbo

Chovia-lhe na alma.

Saudade sem Sentido

Ah!
Suspirava, ciciava, sussurrava...
Sentia saudades de cidades só sonhadas.

Cabeça ao Vento

Pousava as ideias numa toalha de piquenique. Deixava-as chilrear, melrear, pardalar. E ficava a olhar para elas como se estivesse a admirar o ponteiro de uma bússola ensandecida.

Precoce Veraneio

Junhava-se na praia no mês meia dúzia...

Azul com Asas

A tinta negra garantia-lhe uma escrita austera como a de edital, habilidosa como a da contabilidade.
A tinta azul fantasiava-lhe as palavras, que andavam sempre a vadiar atrás das máscaras de teatro, das metáforas da poesia.

Aperitivo Quotidiano

A sua mistura matinal era Mozart com martini.