segunda-feira, junho 26, 2006
Coreografia Matinal
Dança, organza, dança! Eis que chega, qual cereja de madrugada, a vasta valsa dos tecidos...
sexta-feira, junho 23, 2006
Quiromâncias Geográficas
Lançou todo o seu ouro ao vento despenteado como se pousasse o fútil indicador em cima de um útil mapa de estradas.
quinta-feira, junho 22, 2006
Cenário Inventado
No teatro da memória, onde uma caneta de luz regista caligrafias coloridas, misturam-se o linho fino e os cintos largos, o eco dos timbres e os cadeirões calados, um travo a limão e demais frescuras da época, olhares longos e pálpebras adormecidas.
quarta-feira, junho 21, 2006
Alucinação de Solstício
A sombreada silhueta do arvoredo esverdeado imprimiu-se numa tranquila vidraça preguiçosa e o clássico carrilhão da torre já imita um risonho coro de chilreios.
sábado, junho 17, 2006
Aparo Bêbado
Um amuleto zíngaro, versos de poeta grego, vozes vindas do Levante, um cabelo amarelado, cheiro a manjerico, famas d’outrora... – meros arabescos de caneta ébria.
sexta-feira, junho 16, 2006
Sopro do Verbo
Um ciclone de palavras abana imagens cinéfilas, mapas de atlas, melodias infantis, leis avulsas, poeiras antigas, caracóis despenteados, didascálias de teatro, perfumes almiscarados, granitos da memória, página apócrifas, vinhos de desejo, pratas de família, ícones de templo, segredos murmurados, asas de borboleta, medos futuros, retratos a sépia, sonoras gargalhadas, paquetes de lata, telhas de fantasia...
quinta-feira, junho 15, 2006
Horas d’Alba
Entardecia em tertúlias, dançaricava ao vento, fantasiava nas alvoradas, preguiçava algumas manhãs. E, a certa altura, já não sabia se conferia as horas numa ampulheta ou numa clepsidra.
quarta-feira, junho 14, 2006
Manteiga e Canela
A brusca chuva do estio amolece as hortas e enverniza o asfalto como se fosse manteiga caída em torrada quente. Mas o seu único encanto é exalar um perfume tão raro como canela a polvilhar páginas de livro.
segunda-feira, junho 12, 2006
Artes de Furtar
O boneco de cetim, sentado num balancé de luz, nem reparou que a madrugada já tinha roubado um táxi ao chilrear dos pássaros…
sexta-feira, junho 09, 2006
quinta-feira, junho 08, 2006
Tinta Mágica
Transformar calendários em silhuetas a golpes de caneta, como se os dias que nos agrilhoam à responsabilidade pudessem ser transformados em levianos sorrisos.
quarta-feira, junho 07, 2006
Doce Papel
Um infantil bote de papel, feito com cuidados de filigrana loura, naufraga na voraz tempestade de uma língua mais desconversadora que um mal dançado tango moreno.
segunda-feira, junho 05, 2006
Torrar Miolos
Uma farripa de brisa, capaz de agitar folhas de limoeiro, páginas de livro ou seios femininos, talvez serenasse um pouco a dourada maresia...